Um ano de volume morto

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Tempo de leitura: 3 minutos

Última atualização: 10 de junho de 2015

Completou-se um ano, no dia 15 de maio, desde que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) passou a utilizar o volume morto do Sistema Cantareira para abastecer parte da capital e região metropolitana.

A falta d’água deixa de ser o único problema, quando os paulistas têm de lidar, também, com discursos contraditórios do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Em 2014, algumas regiões e cidades do interior já enfrentavam redução na pressão do abastecimento, mas ele insistiu que não havia racionamento em São Paulo.

No início de 2015, assume seu segundo mandato, quando reconhece, pela primeira vez, que o Estado estava enfrentando, sim, uma restrição. Mas no dia seguinte, voltou atrás.

Entre outras inúmeras contradições do Tucano sobre a crise hídrica que, de fato, merecem destaque:

04/02/2014 – O governador descarta a possibilidade de racionamento. Segundo ele, a partir do dia 15 de fevereiro, os nível dos reservatórios iria aumentar decorrente às chuvas que, supostamente, ocorreriam. Além disso, Alckmin afirma que o desconto anunciado pela Sabesp na conta de água dos que economizassem 20%, ajudaria a evitar o desperdício.

01/03/2014 – Neste período, reconhece que a Sabesp não obtinha um plano de racionamento para a Grande São Paulo. A situação do Cantareira, que já operava no pior nível de sua história, seria monitorada a partir de março, explica.

19/03/2014 – O tucano foi ao Palácio do Planalto pedir à presidente Dilma Rousseff que autorizasse a captação de água da bacia do rio federal Paraíba do Sul para despejar no Cantareira. Neste mesmo dia, anuncia que a Sabesp já está preparada para retirar a primeira cota do volume morto do sistema. “Estamos preparados com reserva técnica de 400 milhões de metros cúbicos. A Sabesp já fez todo trabalho para, se necessário, no inverno, retirar até 196 milhões de metros. Ainda teríamos 204 milhões de metros cúbicos”, declara.

31/03/2014 – Volta a negar o racionamento e estende o desconto na conta de água aos paulistas que economizarem o consumo de 11 para 31 municípios da região metropolitana.

21/04/2014 – O tucano anuncia, neste período, multa aos consumidores que aumentam o consumo de água. Dois dias depois, após receber críticas, alega que havia embasamento legal na proposta.

Em maio, a primeira cota da reserva técnica começa a ser usada no Cantareira e em Junho, Alckmin tem sua candidatura à reeleição oficializada pelo PSDB.

10/07/2014 – O governador desiste de multar quem não economizasse água em São Paulo. Segundo ele, não existia mais a necessidade da cobrança extra.

Em outubro, Alckmin foi reeleito no primeiro turno da eleição.

06/10/2014 – O tucano se confunde durante coletiva e diz: “não tem água” na capital. “Não tem falta de água”, corrige em seguida. “Houve muita exploração política (do tema racionamento). Acabou o inverno, estamos na primavera, e não vai faltar água”, conclui.

Em novembro, a segunda cota da reserva técnica começa a ser usada no Cantareira.

05/11/2014 – Alckmin anuncia a construção de duas estações de produção de água de reuso para abastecer as bacias dos sistemas Guarapiranga e Alto Cotia.

10/11/2014 – Governador pede ajuda à presidente Dilma Rousseff para desenvolver um plano de investimentos de R$ 3,5 bilhões. As obras propostas foram a interconexão dos reservatórios Atibainha-Jaguari, Jaguari-Atibaí e Rio Grande-Guarapiranga, a construção de novas represas e a exploração de poços artesanais do Aquífero Guarani.

15/11/2014 – Um mês após a reeleição, declara aumento de 5,4% na conta de água no Estado.

04/12/2014 – A presidente aprova e assina acordos para a execução das obras que foram discutidas anteriormente. “Tenho certeza que esse bom diálogo e esse bom trabalho vai continuar. Quero aqui reconhecer o esforço da presidente Dilma”, disse o governador, citando a assinatura como um “exemplo de cooperação”.

12/12/2014 – Alckmin anuncia que Benedito Braga substituiria Mauro Arce como secretário de Recursos Hídricos do Estado.

14/01/2015 – O governador admite, pela primeira vez, que o Estado enfrentava racionamento de água e diz que, por isso, recorreria da decisão judicial que suspendia a cobrança de multa para quem consumisse mais água. “O racionamento já existe. Quando a Agência Nacional de Águas (ANA) determina que tem de reduzir a vazão do Cantareira de 33 metros cúbicos por segundo (m3/s) para 17 m3/s, é óbvio que já está em restrição. Então a medida (de sobretaxar a tarifa de água) tem legalidade”, declara.

15/01/2015 – Um dia depois, ele volta atrás e disse que não havia racionamento de água em São Paulo. “Esta tarifa contingenciada que foi aprovada, ela visa exatamente evitar o racionamento. O que é racionamento? É você fechar o registro. Então, nós estamos procurando, através de campanha, através de bônus, através da utilização das reservas técnicas, através da integração dos sistemas, ultrapassar essa dificuldade da crise da seca garantindo o abastecimento de água”, afirma.

 

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